Detentora da primeira Indicação Geográfica (IG) do estado reconhecida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), na espécie Indicação de Procedência (IP), a amêndoa de cacau do município de Tomé-Açu, na Região de Integração do Rio Capim, se prepara para o lançamento, no segundo semestre, de subprodutos que já sairão com a inscrição no rótulo para que o consumidor consiga identificar a conquista obtida em 2019. Nesta sexta-feira (13), encerrou o curso realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que orienta 17 alunas locais na produção desses derivados.
Com o apoio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), ao qual é vinculado por Lei o Programa de Incentivo à Indicação Geográfica e Marcas Coletivas do Estado do Pará (Programa IG e Marcas Pará), Tomé-Açu recebe ações de estímulo para que os resultados da conquista da IG sejam colhidos. O apoio da Sedap ocorreu tanto para o reconhecimento como continua no pós, com acompanhamento e fortalecimento de toda a cadeia.
A Associação Cultural e Fomento de Tomé-Açu (ACTA), é a detentora do registro, responsável por manter um conselho regulador que deve preservar, divulgar, proteger os produtos registrados, sua qualidade e procedência, segundo explicou. A associação é presidida por Francisco Sakaguchi, que participou na semana passada, em Belém, junto com outros representantes de Tomé-Açu, da Feira do Cacau e do Chocolate, realizada no Hangar.
Durante o evento, os representantes de Tomé-Açu apresentaram em seus estandes o sinal distintivo da Indicação Geográfica. Um dos representantes do grupo, Alberto Opatta, que é presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), disse que no momento o grupo trabalha para fixar o nome “Tomé-Açu/Indicação de Procedência” nos produtos de amêndoas e processadas (nibs) para exportação.
“Para que ajude o produtor a melhorar preços e também a ganhar o mercado que deseja ter essa rastreabilidade com a IG do tipo Indicação de Procedência no nosso caso; nós levamos para o festival o produto para o cliente ver que em Tomé-Açu temos a IG”, disse Opatta.
Os produtos com a IG, como explicou Opatta, além das amêndoas de cacau, incluem os subprodutos como nibs, chocolates ou liquor de cacau (mistura de manteiga de cacau com o cacau em pó, usada na fabricação de chocolate). O curso realizado pelo Senar teve justamente a finalidade de capacitar 17 produtores para a produção desses subprodutos.
“O objetivo é fazer com a que a gente produza agora esses subprodutos, todos eles com o sinal distintivo da Indicação Geográfica, do Safta (Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu), e do Somos COP”, explicou. Ele complementou que toda linha de determinados produtos, como por exemplo sorvetes, contará com a amêndoa reconhecida com a IG, e sairá com essas diferenciações.
O instrutor responsável pelo curso, Francisco Adailton da Silva, que também é produtor de cacau em Medicilândia (Região de Integração do Xingu) e chocolatier, explicou que o curso incluiu fabricação de chocolate, bombons, trufas e alguns derivados de cacau. O curso conta com uma total de 40 horas, segundo informou.
Durante a capacitação, os participantes utilizaram uma extratora de manteiga e pré-moagem para ser usado com o nibs do cacau.
“Com certeza é um dos melhores produtos da região do Estado do Pará. Pelo que trabalhei do cacau da família nipônica, até hoje foi o melhor cacau que eu peguei nessa região”, garantiu.
Apoio- A engenheira agrônoma Márcia Tagore, reiterou o apoio do Governo do Estado, por meio da Sedap, e lembrou que o processo de conquista da IG teve a parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Pará (Sebrae), através do repasse pela secretaria, de recursos para a execução de 10 atividades, entre as quais, realização de seminários e visitas técnicas, reuniões e realização de intercâmbios, com a ida de produtores de Tomé-Açu a Ilhéus, com recursos do Procacau da Sedap.
“Durante o processo realizado com o apoio do Sebrae, a ACTA e a Camta também estavam a frente. A ACTA é a demandante do processo de IG em Tomé-Açu, com o envolvimento dos produtores locais e parceiros”, frisou Tagore.
Outras instituições como a Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira) e Emater também integram o conselho regulador da IG e fazem o acompanhamento junto a outras instituições locais.
“Nós fizemos também o processo de rastreabilidade. Contratamos uma empresa para dar capacitação e discutir com eles como poderia ser esse processo. Hoje, a ACTA dá continuidade à atividade”.
De acordo com a engenheira agrônoma, a Sedap está discutindo com os representantes de Tomé-Açu, novos projetos para serem apresentados ao conselho gestor do Fundo de Apoio à Cacauicultura do Pará (Funcacau) para continuar o apoio e fortalecer a cadeia.
“Fazer um trabalho de divulgação no município e arredores e principalmente, trabalhar a organização do conselho no acompanhamento, continuar com a ação da rastreabilidade e pensar no trabalho de de marketing e exposição de feiras internacionais”, enumerou a engenheira agrônoma da Sedap.