Esta semana, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) reúne agricultores de oito municípios do Marajó para diálogos sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
A Oficina Regionalizada da Agricultura Familiar para o Pnae iniciou em Breves, nos dias 10 e 11 de junho, com famílias daquele município e de Bagre, Gurupá e Portel, e se estendeu, nestas quinta (12) e sexta-feira (13), para Curralinho, com público, também, de Muaná, Oeiras do Pará e São Sebastião da Boa Vista.
O evento é promovido pelos escritórios regional e locais da Emater em parceria com o Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane) da Universidade Federal do Pará (Ufpa) e com a Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, do governo alemão, entre outras instituições. Participam, ainda, agentes públicos de diversos órgãos e representantes de povos originários e comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas.
“Esta é uma oportunidade em que todos os atores sociais envolvidos se comunicam sobre passo-a-passo, oferta e demanda da merenda escolar de cada município e do Marajó de forma geral. Um dos principais empecilhos para o acesso é o desconhecimento. O papel da Emater é crucial neste processo de apropriação por parte dos agricultores”, indica o supervisor regional da Emater no Marajó, o sociólogo Alcir Borges, especialista em Gestão Pública e Sociedade.
Para a Emater, os produtos com maior potencial para comporem merenda escolar no Marajó são açaí, camarão, farinha d’água, farinha de tapioca, frutas da estação e peixes de rio. As últimas atualizações da lei federal nº 11.947/2009, também conhecida como Lei do Pnae, desde 2023 definiram comunidades tradicionais, povos originários e mulheres como grupos prioritários. O lucro estimado para os agricultores na comercialização é de cerca de 30%.
Para a nutricionista Hellen Cristina Moraes, da Cecane, as diretrizes de alimentação saudável são uma meta integrada de política pública, com destaque para a ferramenta do Pnae: “Sob o contexto da legislação vigente, o panorama é de sustentabilidade e resultados inclusive de combate à fome, à desnutrição. Muitos dos alunos dependem da merenda escolar como única refeição do dia, então é importantíssimo que pensemos em um cardápio, uma disponibilidade, que contemple alimentos frescos e regionalizados, vinculados às tradições alimentares: é a abordagem de ‘comida de verdade’ ”, explica.
Práticas
Em Curralinho, a Oficina realiza-se na sede da Colônia de Pescadores Z-37, no Bairro do Aeroporto, com a presença de 60 pessoas. De acordo com o chefe do escritório local da Emater em Curralinho, Artemas Ribeiro, engenheiro florestal, uma das propostas de conscientização conduzidas pela Emater é a diversificação dos produtos.
“Esclarecemos que a absorção é muito além do açaí e da farinha: é possível, e desejável, que abacaxi e cupuaçu, por exemplo, sejam opções de geração de renda com preço garantido, às famílias agricultores, e de consumo dos estudantes. Defendemos, aliás, todo o aproveitamento culinário: mingau de açaí, pudim de abacaxi, sucos, sobremesas, como valorização”, aponta Artemas.
Atento à programação, o agricultor Cláudio Ferreira, de 39 anos, morador das margens do rio Pucu, em Curralinho, conta que ano passado forneceu galinha-caipira para a merenda escolar do município, já manifestando interesse para este ano: “Foi um grande incentivo. Com os recursos, aumentei a produção de ovos e investi na minha granja. Eu acho a iniciativa essencial para os agricultores familiares”, resume.
Texto de Aline Miranda